A
afirmação “de que não adianta resistir porque o presídio vem de qualquer
jeito”, vem sendo frequentemente repetida por algumas lideranças locais
e regionais e por parte da mídia local.
Entendo que é a pior
posição a se tomar diante de qualquer desafio na vida, ainda mais se
tratando de um projeto tão maléfico para Registro. Algumas lideranças
comprometidas com a defesa do governo do estado parecem simplesmente
estar preocupadas em evitar desgaste político, mas não podemos tratar
este tema no âmbito da disputa política, já que se trata do rumo que
daremos para o futuro de nosso município e de nossa região. È uma
irresponsabilidade que a história cobrará de quem se acovardar.
Com
um presídio construído o destino de Registro e do Vale do Ribeira
estará traçado. Um futuro ligado ao aumento da criminalidade, seja pelo
presídio em si ou pela estrutura da Segurança Pública já precária que
será muito comprometida com o suporte aos presos – transferências,
audiências, etc., e um futuro com mais problemas na oferta dos serviços
públicos, em particular da saúde. Afinal serão oficialmente 760 novos
moradores, mas que na pratica poderemos ter 2 mil novos moradores, além
dos familiares (considerando o perfil do sistema carcerário no estado).
Ao
contrário podemos continuar resistindo e buscando o diálogo com o
governo. Consegui segurar por estes 4 anos e podemos continuar
impedindo.
Afirmo que é possível resistir porque em 2009 vários
prefeitos juntos obtivemos uma vitória e conseguimos paralisar o
processo. No ano passado quando o governador esteve em Registro, no
Governo Presente, assumiu o compromisso de que a Secretaria de
Administração Penitenciária iria voltar a discutir o tema na região.
Durante
todo o meu governo, em conjunto com a população fizemos muitas
articulações, debates e movimentos para impedir a construção. Estivemos à
frente de um movimento que contou com a Câmara de Vereadores, OAB,
Faculdade - UNISA, líderes comunitários, entidades sociais, clubes de
serviço, Igrejas e o setor produtivo.
Com o apoio do CODIVAR e
somente município, tivemos audiências públicas na ALESP, audiência na
Casa Civil, na Secretaria de Administração Penitenciária, por mais de
cinco vezes, com o Procurador Geral do Ministério Público. E em novembro
do ano passado em audiência com o Governador Geraldo Alckmin no Palácio
dos Bandeirantes. Em 2010 a Igreja Católica organizou grande caminhada
as margens da BR 116 e contou também com nosso apoio.
Nosso
município sempre lutou não será agora que irá desanimar. Para conhecer
mais sobre esta jornada de Registro contra o presídio, parte da história
está descrita no site http://www.redebrasilatual.com.br/jornais/vale-do-ribeira/passo-a-passo-a-luta-contra-o-presidio e, fartamente, na imprensa local.
Duas
afirmações precisam ser debatidas para que possamos entender o fato. A
primeira é a falsa idéia é a de que “cada região tem que ter seu
presídio para abrigar seus presos”. Não é verdade porque o princípio da
proporcionalidade deve ser considerado, isto é, nossa região tem uma
população de menos de 380 mil habitantes, portanto, menor do que muitos
bairros das grandes cidades e menor do que qualquer outra região do
estado. E nossa demanda de vagas para presidiários é de 380. E, por fim,
isto fosse fato mais da metade dos presídios sem construídos na região
metropolitana de São Paulo, já que mais de 60% dos presidiários do
estado são daquela região.
A
segunda informação falsa é de que as vagas do presídio de Registro
seriam reservadas apenas para presos da região. Isto é falso porque se
todo o Vale do Ribeira tem menos de 380 presos, em diversos presídios do
estado, e o projeto para Registro é Presídio de 760 vagas, quem
ocupariam as demais vagas? O segundo fator é que não existe na
legislação brasileira previsão para vaga regionalizada, isto é, não
existe base legal para dizer que os presos serão apenas pessoas da
região.
Reportagem
publicada pelo Jornal O Estado de São Paulo em 17 de abril de 2011
trata do drama das cidades do Oeste Paulista que receberam presídios na
ultima década lembrando que “viram o número de roubos e furtos aumentar,
em média, 84,7%, enquanto que a média do estado foi sete vezes menor,
de 12,1%”. Mesmo cidades sem penitenciária, mas que fazem parte da
região, sofreram o impacto do presídio, embora de forma menos intensa.
“O número de furtos e roubos nesses outros dez municípios cresceu em
média 41,7% em dez anos”. Ainda segundo o Jornal “Líderes regionais
foram seduzidos pela possibilidade de conseguir trabalho para os
habitantes e dar estímulo ao comércio”. O prefeito de Adamantina sempre
resistiu a construção do presídio e afirma "No primeiro ano, traz
emprego e aumento na arrecadação. Os problemas chegam depois”.
Os
exemplos e os estudos são inúmeros, temos que lembrar que São Paulo
precisa de mais presídios, mas Registro e o Vale do Ribeira não podem
ser chamados a pagar este sacrifício.
Sobre
a recente informação veiculada pela mídia onde o Secretário de
Administração Penitenciária do Estado informa ao prefeito Gilson Fantin
que Registro passará ter um CDP – Centro de Detenção Provisória –
entendo que só pode ser comemorado a partir da mudança do projeto que
foi licenciado e que tem as obras de terraplanagem já iniciadas. Isto é,
um CDP que abrigaria os detentos que aguardam julgamento, estes sim, da
região temos demanda para apenas 350 vagas, portanto, se o projeto
inicial de 760 vagas não foi alterado teremos um CDP e um Presídio de
Segurança Máxima. Este ultimo, como é sabido, não há como assegurar que
os detentos condenados sejam os da região, já que não existe legislação
que garanta isto.
Portanto, parece que estão querendo “vender gato por lebre”.
Por
isto convido nossa comunidade Registrense a continuar resistindo e
lutando como vimos fazendo estes últimos 4 anos. Juntos nós podemos
continuar impedindo porque “Só a Luta a Vida Muda”.
Sandra Kennedy Viana
Janeiro de 2013.
Sandra, nossa cidade, Bom Jesus dos Perdões, também está com a mesma luta, e vamos ter, amanhã, terça-feira, 14 de maio, uma Audiência Pública na Assembleia Legislativa, às 10 horas da manhã, no Plenário Paulo Kobayashi, para discutir a Instalação do Presídio em Bom Jesus dos Perdões, a nossa discussão vai além assim como a de vocês, estamos questionando o "MODELO PENITENCIÁRIO" que vem sendo imposto para o Estado. Acredito que seria importante que vocês também aproveitem essa Audiência, para dar maior visibilidade também à luta de vocês. Desculpe ter pensado nisso somente agora. Por favor, informe as forças vivas de Registro sobre essa Audiência para iniciarmos um processo de discussão sobre esse modelo que só traz prejuízos, inclusive para a população carcerária.
ResponderExcluirAbraços e aguardo seu retorno.