quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Vale do Ribeira. Cena 2

Compartilho um dia de andanças, em janeiro,  pelo Vale do Ribeira. Um dia em que o acaso das conversas, encontros e reencontros me recolocou frente a frente com uma realidade de inclusão social, dignidade e cidadania vivido por aqueles que há pouco mais de uma década pareciam nem fazer parte do mundo seleto dos que tinham vez o voz. Nem existiam na agenda da sociedade e dos governos. Um dia em que a realidade volta a falar mais do que qualquer publicação acadêmica, qualquer aula ou qualquer mídia: o Brasil é de fato um país que está vivendo anos de grande processo de inclusão social e de garantia de direitos. Isto é fato, também no Vale do Ribeira!

Cena2
A luta das comunidades quilombolas...

Num reencontro prazeroso com uma grande líder quilombola da região e mesmo do estado, Nilce Pontes, as boas surpresas se multiplicam desde o início de nossa conversa, na área da sua casa no Quilombo Terra Seca. Nilce mora numa casa quilombola onde a água pura que jorra continuamente no tambor ao lado e o barulho do rio, aos fundos, garantem a relação com a natureza e, por outro lado, o acesso a bens de consumo antes inimagináveis, como máquina de lavar, geladeira e TV garante o conforto para a família.
Nilce chegava de uma reunião em Eldorado e vai logo me contando que estão voltados para a tarefa de formação de uma federação quilombola no estado e sobre a importância desta ferramenta nas lutas destas comunidades. A clareza dos objetivos, a capacidade de organização, a disposição para a luta se somam a solidariedade do companheiro que ficou com o cuidado das crianças para que fosse a reunião, se somam ao orgulho ao dizerem que a filha mais velha está fazendo faculdade, se somam a informação de que podemos nos comunicar pelo facebook porque ela tem acesso ali mesmo no quilombo através do telecentro implantado com apoio do governo federal – e outro exemplo mais uma vez extraordinário: “este ano tem eleição e antes mesmo que os candidatos venham nos procurar nós já estamos discutindo quem de fato pode representar nossas lutas”. 
Na saída, quando vai chegando uma mulher, de baixa estatura, simples, risonha a líder trata de me apresentar “esta é minha mãe e foi com esta mulher que aprendi que temos que lutar em conjunto para conquistar uma sociedade melhor para todos”.

Esta postagem faz parte de um conjuntos de 6 cenas,  postados em separado, que falam de solidariedade, organização das comunidades tradicionais, acesso a energia elétrica como garantia de direitos, oportunidades de estudo e qualificação profissional com o PRONATEC e Instituto Federal , máquinas para manutenção das estradas para a agricultura familiar e qualidade de vida no campo... bons exemplos do quanto o Brasil mudou e o quanto foi possível avançar na garantia de direitos e de oportunidades. Que nos mostram que muita coisa mudou e para melhor !!!

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